domingo, 8 de fevereiro de 2009


PAVILHÃO (POSTAGEM)

Merriweather Post Pavilion o patamar máximo no universo -

O jovem crítico de música não se despluga do som enquanto revê a última esposa do pai dentro do cabeleireiro Escova Progressiva (tudo se narra à escuta da mais simples, sample faixa-pirata).

Um disco sublime em loops agarra qualquer um -

Metade do bairro carcomido por histórias ostensivas de pessoas que nada querem dizer do rumo das vidas que não contêm mais a Força de Vontade, o Volume da Política, o Desvio Sideral em drogas ágeis para a noite tópica -

uma muralha de sons e contra-sons, com isto nasce um pequeno cosmos de coros, as vozes de Avey Tore -

Ainda se sustenta com os artigos no blog sob impacto das cenas de rua que fazem contraponto ao I-Pod recém-adquirido das mãos de uma mulher cobiçada, inacessível, amiga entre rodadas de crack (o quarteirão se desmantela, muito além da divisa do prédio). O efeito dos anos é sempre tardio; o céu passa como metáfora do que acaba de dizer e logo se conclui com música expandida, exorbitante, sob o ritmo de pessoas diferentes, desencontradas, já pertencentes à sua minúscula moradia. Todas elas tornadas essenciais à duração da melodia mais nova.

(Com Merriweather Post Pavilion os Animal Collective, atingem definitivamente o nirvana musical e com isso alcançam o patamar máximo da fama no universo indie).

Não escuto mais música nenhuma. Envio a postagem e não sei porque me ponho na seqüência a mirar o bairro até que a noite venha pelas janelas de fundo contra a cor de terra que toma a tarde e o espaço visível.


CONTATO


De novo, no site. Uma "boneca" do vivido. Muppet-Show de um repassado intento. Tento tudo postar ao possível ouvido-visto. Há pessoas na área? Há um limite humano previsto?
Vou me apresentando na proporção da pergunta cabível na língua (essa franca, fortuita faux fuyante voz além da figura parecida com qualquer um).
Ainda dou pista: casa e costura da biografia, os filhos e os pais que perdi, voluntariamente - o desespero da próxima tarde a esquentar pelo meio mais as fotos exclusivas, de rara extração cromosintética, que todos querem ver. E não dizem apenas de um. Embora eu arda em câmara clara com uma simples flor retirada do jardim de hoje: onde está o centro, o resto de mim (passeante pelas órbitas da máquina) -
Pernas e legendas mais acima do hipotético corpo "por escrito", por graça de um endereço volátil (nome e rosto recorrentes, trocados por muitos e muitos invisíveis, jamais devolvidos).


EXTENSÃO (HARD DISK DRIVE)

Ninguém deixa de ser visto (esta é a questão alada, e da ordem da fatalidade, a um só tempo movida pelo embalo da música, assim como palavra jura divindade, se enraíza em cada falante, feito fato único).
Todos aludem a um mínimo acontecimento (passagem de discos gravados dentro de um quarto, em volta de uma cabeça cega para a vida da casa, do prédio construído para funcionários públicos, ramifica fios de uma ponta até outra do retângulo de homem sobre colcha de retalhos).
A toda hora, mistério revolto retorna e aponta para o mesmo sinal: a música recém-lançada - já em tráfico - à procura desse alguém - avulso -, trancado o sábado inteiro no quarto.


Prostituta -

Acordado por uma briga de prostitutas, uma dívida antiga lá longe, gritada na rua. Quebrado o sono na madruga de domingo, qualquer revérbero da voz mais que exposta, exalada para qualquer um ouvir e ali ficar indeterminadamente, toma um corpo, então.
Envolve a réstia do que vivo e durmo ao modo de uma fração não cumprida.
Parecença de origem com algo a ser estertorado enquanto apascento toda uma vida e os sonhos corridos no corpo da prostituta a quem dou o braço e todo meu tempo: a troco de nada.