quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Postar -

Em lugar de popstar, a vida verídica no retangulo onde ele costura e divide o espaço com o
cão herdado de uma pessoa de quem não quer mais lembrar.
Volta e meia vê e vai vislumbrar o que diz respeito a si. A mais. Na tela - um retângulo de letra e seu retrato movente.
Algo está acontecendo. O tecido se cumpre em suas mãos depois de fios envoltos pelo pulso mais réstias de pensamento.
Retorna à miragem. Ao algo verídico de onde recopia a foto de si. O cão no centro. A cor mais viva de seu estúdio, apartamento, entregue à próxima pessoa que o espia. Na devida distancia (com a maior insistência)

sábado, 2 de maio de 2009

Temi não encontrar mais meus escritos na lousa veloz onde me reúno com os invisíveis vivos.Tentei voltar mais cedo do metrô no dia do Evento Semestral de Cultura nas ruas, pois encontrei com uma pessoa que me conhecia há anos e eu não conseguia lembrar-me de onde, dando espaço e tempo para a recordação. Passei a ouvi-la no coração do tumulto urbano.Não conseguia dizer eu. A pessoa resolveu se desgrudar do fone, logo me contando o que estava ouvindo e perguntou sobre minha curiosidade incessada por música. Deu provas de que danço e não deixo em paz Animal Collective por onde passo e páro. A pessoa se apresentou no dia do Evento Semestral. Falou-me da festa há muito meses.Tentei não encontrar mais meus escritos. A pessoa diz que me espera com um texto logo mais à noite depois de retornar do Evento Cultura nas ruas, enquanto em casa tento recuperar onde antes eu estava quando ouvíamos Animal. Celita esse é o nome. Agora tento inventar um rosto para ela, que demora há dias do encontro nas ruas. Para não mais.

A conversa em choque, vinda à toa sobre identidade trocada (pela boca de um motorista de táxi que aproveitou a rua vazia e a demora de troco para desferir juízo no movimento contínuo da tarifa 2, metade de um feriado se iniciando).
Perto de dormir, o juízo gratuito zune. "Ninguém mais podia nos divisar" e por isso dói mais do que tudo a palavra vulgar, vinda de longe (um texto igual para todos em trânsito), caída porém sobre minha cara, meu corpo todo, decomposto, feito como peça exclusiva, exilada para a palavra solta do homem em seu motor, enquanto mais louco fico para chegar até você, interdito (uma casa ambientada por música, só por nós dois).

domingo, 8 de fevereiro de 2009


PAVILHÃO (POSTAGEM)

Merriweather Post Pavilion o patamar máximo no universo -

O jovem crítico de música não se despluga do som enquanto revê a última esposa do pai dentro do cabeleireiro Escova Progressiva (tudo se narra à escuta da mais simples, sample faixa-pirata).

Um disco sublime em loops agarra qualquer um -

Metade do bairro carcomido por histórias ostensivas de pessoas que nada querem dizer do rumo das vidas que não contêm mais a Força de Vontade, o Volume da Política, o Desvio Sideral em drogas ágeis para a noite tópica -

uma muralha de sons e contra-sons, com isto nasce um pequeno cosmos de coros, as vozes de Avey Tore -

Ainda se sustenta com os artigos no blog sob impacto das cenas de rua que fazem contraponto ao I-Pod recém-adquirido das mãos de uma mulher cobiçada, inacessível, amiga entre rodadas de crack (o quarteirão se desmantela, muito além da divisa do prédio). O efeito dos anos é sempre tardio; o céu passa como metáfora do que acaba de dizer e logo se conclui com música expandida, exorbitante, sob o ritmo de pessoas diferentes, desencontradas, já pertencentes à sua minúscula moradia. Todas elas tornadas essenciais à duração da melodia mais nova.

(Com Merriweather Post Pavilion os Animal Collective, atingem definitivamente o nirvana musical e com isso alcançam o patamar máximo da fama no universo indie).

Não escuto mais música nenhuma. Envio a postagem e não sei porque me ponho na seqüência a mirar o bairro até que a noite venha pelas janelas de fundo contra a cor de terra que toma a tarde e o espaço visível.


CONTATO


De novo, no site. Uma "boneca" do vivido. Muppet-Show de um repassado intento. Tento tudo postar ao possível ouvido-visto. Há pessoas na área? Há um limite humano previsto?
Vou me apresentando na proporção da pergunta cabível na língua (essa franca, fortuita faux fuyante voz além da figura parecida com qualquer um).
Ainda dou pista: casa e costura da biografia, os filhos e os pais que perdi, voluntariamente - o desespero da próxima tarde a esquentar pelo meio mais as fotos exclusivas, de rara extração cromosintética, que todos querem ver. E não dizem apenas de um. Embora eu arda em câmara clara com uma simples flor retirada do jardim de hoje: onde está o centro, o resto de mim (passeante pelas órbitas da máquina) -
Pernas e legendas mais acima do hipotético corpo "por escrito", por graça de um endereço volátil (nome e rosto recorrentes, trocados por muitos e muitos invisíveis, jamais devolvidos).


EXTENSÃO (HARD DISK DRIVE)

Ninguém deixa de ser visto (esta é a questão alada, e da ordem da fatalidade, a um só tempo movida pelo embalo da música, assim como palavra jura divindade, se enraíza em cada falante, feito fato único).
Todos aludem a um mínimo acontecimento (passagem de discos gravados dentro de um quarto, em volta de uma cabeça cega para a vida da casa, do prédio construído para funcionários públicos, ramifica fios de uma ponta até outra do retângulo de homem sobre colcha de retalhos).
A toda hora, mistério revolto retorna e aponta para o mesmo sinal: a música recém-lançada - já em tráfico - à procura desse alguém - avulso -, trancado o sábado inteiro no quarto.